Olá caro leitor,
Hoje, eu estou aqui para prestar a devida homenagem ao fim de uma era. Lá nos idos de 2010, quando eu tinha uma ideia fixa de ver todas as séries do mundo inteiro — e possuía mais tempo para essa tarefa, também —, me deparei com um seriado chamado Misfits. No começo, eu achei engraçado o fato da série possuir o mesmo nome de uma das minhas bandas de punk rock favorita (I can't wait to hear you scream!). Pedi emprestado para a internet toda a primeira temporada e fui conseguindo os episódios da segunda conforme foram sendo exibidos. No final desse ano, aproveitei para fazer uma maratona dessa tal série. Foi desse jeito que eu conheci uma das minhas séries de televisão favoritas.
Para entendermos a razão da minha paixão quase que instantânea por Misfits, nós temos que falar sobre outra série: Heroes. Quando Heroes estreou, por mais que você talvez nunca a tenha visto, com certeza participou de toda hype (merecida) que se criou ao redor dela
após sua estreia. Tim Kring, o criador, lançou um seriado com uma premissa bem bacanuda: pessoas do nosso cotidiano que descobrem que tem poderes. Parece meio batido atualmente, mas saiba que foi uma coisa visionária para a televisão (REPETINDO, PARA A TELEVISÃO) na época. No Brasil, o sucesso da série se consagrou, mesmo, quando a emissora Record começou a exibi-la. O sucesso foi tanto que daí surgiu a pior-melhor novela de todos os tempos: Caminhos do Coração. Voltando a Heroes. O seriado ocupou um lugar lá no meu coração de telespectador durante todos seus primeiros episódios. Uma menina que tem o dom da invencibilidade, um asiático que volta no tempo, um homem que pinta o futuro, uma organização do mal e “Salve a líder de torcida, salve o mundo”. Fala sério, era bem boa. Contudo, conforme o enredo foi desenvolvido, vemos que o criador foi perdendo a mão gradativamente ainda durante os últimos episódios da primeira temporada. Na primeira metade da segunda temporada, a série já havia se tornado impossível de ser assistida. Chegando ao cúmulo do Tim Kring pedi desculpas aos fãs.
Esse lugar que Heroes ocupou no meu coração ficou vago. Eu continuava querendo uma série de super-heróis boa e que não se parecesse com Smallville. Eis que surge milagrosamente Misfists.
Para quem não conhece, Misfits conta a história de adolescentes que estão cumprindo suas penas em serviço comunitário quando são atingidos por uma tempestade e ganham superpoderes. Pode parecer piegas e até pior que Smallville (vulgo Pequenópolis no SBT), mas somente parece. Ela é tudo que Heroes prometeu e não foi. Uma mistura de Unbreakable (sim, aquele filme do Shyamalan com o Bruce Willis lá de 2000) com Skins. Imperdível, uh? As temporadas são bem curtinhas, também. Típico de série inglesa.
Em 2013, Misfits chegou ao fim durante sua 5ª temporada. Contudo, só consegui ver a ultima temporada ontem, por isso a postagem atrasada.
O fim de uma era.
Misfits chamou a atenção durante esses 5 anos por várias razões. Uma delas é pela sua fantástica trilha sonora. Músicas de muitos artistas embalaram as cenas. Bandas como Florence + The Machine, Hot Chip, Joe Division e Metronomy tiveram suas músicas imortalizadas pelos personagens. Sem contar, é claro, a excelente Echoes do The Rapture que nos animava na abertura de cada episódio.
Os personagens, então, nem se fala. Eles eram uma espécie de Breakfast Club do mundo bizarro. Alisha, Simon, Nathan, Curtis e Kelly nos apresentaram toda a complexidade e, ao mesmo tempo, a futilidade da juventude contemporânea. Também conhecidos como a geração “original”, eles foram os responsáveis de Misfits ter se tornado o que foi.
Os roteiros dos episódios que passavam por lideres de torcida zumbis, um vilão que controlava leite, uma idosa que se tornava jovem e a dominação do mundo por Hitler foram sensacionais. Ao final da terceira temporada, quando todos os arcos foram fechados com louvor, uma lágrima heterossexual escorreu de um dos meus olhos.
Misfits pode não ter tido o melhor final (o que não foi), mas conseguiu encerrar com o que ela sempre nos brindava: humor descompromissado; arcos de personagens com fins imprevisíveis e problemas por conta da tempestade, sempre ela.
Espero que você tenha a chance de ver Misfits, leitor.
Até a próxima!
Pedro Alves
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014