Olá, caro leitor!
Hoje selecionei somente o suprassumo de um tema deveras polêmico: mamilos“Bullying”.
Para quem não sabe ainda, bullying é um termo designado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, valentão) ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. Sim, peguei a definição da Wikipédia.
De uns quatro anos para cá, o assunto tem sido exposto com maior amplitude pela mídia em geral, seja por veículos jornalísticos ou por vídeos virais dos humilhados dando o troco (hell yea!). Aqui no Brasil, algumas pessoas ainda não compreendem o grau de seriedade que esses atos de violência demandam. Boa parte disso se deve, a meu ver, dos casos de maior abordagem pela imprensa serem de violências físicas. O Bullying não se resume somente a isso. Na maioria das vezes, agressões psicológicas causam danos muito piores. Para despertar o interesse em você, leitor, sobre o assunto, eu trago a vós uma lista de dez filmes que abordam o tema com maestria (ou apenas são muito fodas).
Estão por ordem cronológica de lançamento e não de preferência.
1. Carrie, a Estranha (Carrie, 1976)
Stephen King não tem do que reclamar. Ao menos, no que concerne a adaptação de seu primeiro romance: Carrie. Brian De Palma dirigiu o filme com perfeição e, mesmo fazendo modificações substanciais em relação à obra original, conseguiu transformar em imagens a essência do enredo. Carrie é uma menina oprimida pela sua mãe. Em casa, a matriarca se prova alienada por sua própria visão religiosa distorcida e fundamentalista. Por conta de sua criação desajustada, Carrie sofre muitas provocações de suas “colegas” de turma. O Bullying é uma peça fundamental na trama, sendo, inclusive, o fator que desencadeia o clímax do filme. Podem ver sem medo (ou não, né? Carrie realmente é estranha). Ansioso pelo remake desse ano.
2. Bully - Juventude Violenta (Bully, 2001)
Para quem já teve a oportunidade de ver um dos trabalhos de Larry Clark como Kids ou Ken Park, sabe como ele consegue transportar para a tela a verdade nua e crua (em sua maior parte, mais nua do que crua). Clark tem uma pegada meio suja na direção que transforma qualquer história (qualquer uma, mesmo) em algo claustrofóbico e medonho. Em Bully, ele não faz diferente. A história se concentra em um grupo de desajustados que são constantemente humilhados por um valentão. Em um dia, não suportando mais aquilo, eles decidem cortar o mal pela raiz. O que transforma o filme em um item obrigatório dessa lista é o fato dele ser baseado em fatos reais.
3. Um Grande Garoto (About a Boy, 2002)
Um dos meus filmes favoritos. Até hoje suspeito que a ideia estava vindo até mim através da minha musa inspiradora e foi roubada pelo Nick Hornby que a usou em um livro. A história é bem simples. Hugh Grant é Will Freeman, o famoso solteirão, pegador, bem sucedido. Ele vive à custa do pagamento de direitos autorais de uma música natalina escrita por seu pai. Mesmo tendo dinheiro para comprar tudo que deseja, Will é um cara bem solitário. Para tentar suprir essa falta, Will sempre finge ter um filho para conseguir conquistar mães solteiras em espécies de reuniões. Em uma dessas investidas, ele acaba se deparando com Marcus, um garoto que é seu extremo oposto. Marcus sofre bullying na escola, tem problemas familiares e é totalmente inseguro. Com o passar do tempo, Marcus e Will acabam construindo uma forte relação que irá beneficiar a vida de ambos. Pode parecer mais um daquelas histórias genéricas de filmes da sessão da tarde, mas, acredite em mim, esse filme irá te surpreender. Filme supimpamente supimpa.
4. Meninas Malvadas (Mean Girls, 2004)
Comédia americana bem legal onde uma garota resolve se infiltrar no grupinho das patricinhas do colégio para ajudar na vingança dos humilhados por elas.
5. Klass (Klass, 2007)
Filme com um viés diferente do trabalhado por Gus Van Sant em Elefante. Nele, acompanhamos a derrocada de um garoto popular e conivente com os valentões de sua escola que tem sua rotina alterada quando começa uma amizade com um dos meninos estranhos de sua sala. Vemos e, até certo ponto, entendemos as decisões dos protagonistas. Através das numerosas e indescritíveis humilhações que eles vão passando no decorrer da película, somos convidados a compactuar com as escolhas que levam até o polêmico final. O filme deixa uma complexa pergunta no ar: quanto se é necessário para fazer com que uma pessoa fique fora de si? Filme foda!
6. Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor (Drillbit Taylor, 2008)
Três jovens perdedores tem a ideia de contratarem um segurança para os protegerem dos valentões do colégio. Comédia leve e para toda família que arranha a superfície do assunto. Bem legal.
7. Deixe Ela Entrar (Låt den rätte komma in, 2008)
Como não se apaixonar por esse filme, me diz? Foi o primeiro filme sueco que eu vi na minha vida e, mesmo estranhando as várias informações que o diretor decidiu deixar subentendidas, foi amor à primeira exibição. Nele, conhecemos Oskar, um menino que sofre pavorosas humilhações em sua escola. Um dia, uma nova vizinha se muda para o apartamento ao lado do seu. A garota tem hábitos estranhos e ele logo fica interessado nela. O que Oskar não sabia era que Eli, a sua nova vizinha, era uma vampira! Para nossa sorte, ela não pula na jugular de Oskar e drena todo seu sangue. Ao invés disso, Eli acaba cedendo às inúmeras tentativas de amizade dele e começa a conversar com o garoto. Isso acaba criando uma forte amizade entre eles (e até algo mais). A vampira e o romance entre ela e um mortal é feito de maneira tão espetacular que faz você odiar ainda mais (se é possível) Crepúsculo. Coisas para se prestar atenção quando se for ver o filme: cenas do Oskar com seu pai na cabana (onde nos é revelado uma coisa que eu não consegui sacar na primeira vez que vi) e falas de Eli sobre seu passado (onde, bem, nos é revelado algo, mas não nos é revelado algo). Não sei se é mimimi da minha parte por ter visto o original primeiro, mas achei o remake bem inferior. Por isso, veja o original sueco!
8. Juventude em Fúria (Hesher, 2010)
Antes de eu começar a falar sobre esse filme, permita-me um comentário: Que merda de tradução, ein? As distribuidoras nacionais devem achar que um título com o nome do personagem irá espantar todos os cinéfilos da sala de exibição. Ok, vamos lá. T.J. é um garoto que acaba de perder a mãe. Seu pai, um excelente Rainn Wilson, está passando por um período de depressão profunda e se mostra ausente para confortar o filho. Além de ter que lidar com tudo isso, T.J. ainda é o famoso loser de sua escola sofrendo várias humilhações dos outros alunos. Contudo, a vida do garoto muda quando, após um incidente, ele começa a hospedar Hesher (Joseph Gordon-Levitt surtado) em sua casa. A presença de Hesher irá ajudar todos os integrantes da família de T.J. a enxergarem e sanarem seus principais problemas. Destaque para a gostosura em pessoa da Natalie Portman.
9. Bullying (Bully, 2011)
Esse documentário irá mudar sua percepção sobre o assunto. É um dos filmes mais contundentes e chocantes do gênero que me lembro de ter assistido. Nele, nós acompanhamos uma equipe que documenta casos de inúmeros jovens estadunidenses que sofrem desse mal. Apresentam para nós a família de uma vítima de bullying que não aguentou as provocações e se matou; um menino que sofre humilhações diárias sem que ninguém da sua família ou escola saiba; uma família que sofre descriminação por conta da opção sexual da filha e uma garota que foi presa após revidar de modo extremo no bully de sua escola. Filme obrigatório para todo ser humano.
10. Detona Ralph (Wreck-It Ralph, 2012)
Sim! É Detona Ralph, mesmo. Você não leu errado. Vanellope von Schweetz além de ser uma personagem fofinha que todos adoramos, também serve como um dos inúmeros exemplos de vítimas desse problema. Logo que a conhecemos, vemos que todos os outros personagens do jogo a odeiam e a descriminam. Temos até uma cena onde vemos um grupo de corredoras a humilharem. Felizmente, Vanellope é um dos casos que, através da magia dos roteiristas da Disney, teve um final feliz.
Pedro Alves
domingo, 8 de setembro de 2013